Durante a campanha eleitoral, Kennedy foi alvo de grandes manifestações, como a de Los Angeles.
No dia 22 de novembro de 1963, o mundo inteiro foi abalado pela manchete: "Assassinado o Presidente Kennedy". A multidão de Dallas (no Estado do Texas), que aplaudia o jovem presidente, assistiu incrédula à cena.
O desfile em carro aberto fora interrompido pelo ruído dos tiros e pela queda do corpo. Levado para o hospital, John Kennedy morreu poucos instantes depois.
Seu assassino, Lee Harvey Oswald, foi também assassinado, dois dias depois, quando era transferido de prisão, antes de ser submetido a julgamento. As razões do ato de Oswald ainda permanecem envoltas em mistério, embora os relatórios oficiais declarem que Lee Oswald, jovem comunista, teria feito o plano sozinho. Segundo outras versões, o crime seria fruto de uma conspiração direitista. A verdade é que aí se encerrou uma carreira política que, embora curta, teve profundas repercussões mundiais.
Com a política no sangue
John Fitzgerald Kennedy era filho de uma família de irlandeses, radicada há três gerações nos Estados Unidos, e que desfrutava fortuna e prestígio em Boston, sua cidade natal. Joseph Kennedy, o pai, colaborou no governo do democrata Roosvelt (que governou entre 1933 e 1945). Casado com Rose Fitzgerald, filha do prefeito de Boston, teve nove filhos, dos quais três gozariam de grande destaque na vida política: John, Edward e Robert (assassinado em 1968).
Nascido em 1917, John formou-se em 1940 pela Universidade de Harvard.
Durante a Segunda Guerra, a família Kennedy sofreu o primeiro de uma série de golpes. O primogênito, Joseph, morreu nos campos da Europa. E John, que servia como oficial da Marinha de Guerra dos Estados Unidos,correu sérios riscos. No comando de uma lancha torpedeira, abalroada pelos japoneses, salvou-se, e aos seus comandos, do naufrágio. No retorno à pátria, foi condecorado com as medalhas do Coração de Púrpura, da Marinha e dos Fuzileiros Navais.
Terminada a guerra, John ainda não havia definido sua carreira. Era um estudante de Harvard, herói naval e tinha grande talento. Decidiu-se pelo jornalismo. Fez a cobertura da formação da Organização das Nações Unidas, em 1945, e da Conferência dos Três Grandes, em Potsdam.
O começo político
O jornalismo foi logo abandonado. Apoiado pelo pai, resolveu dedicar-se à política e apresentou-se como candidato democrata pelo estado de Massachusetts, no período de 1946 a 1953.
Eleito, seu desempenho garantiu-lhe a eleição, pelo mesmo estado, para o Senado dos Estados Unidos, em 1953, ano em que se casou com Jacqueline Lee Bouvier. Dois anos depois, era obrigado a licenciar-se para ser submetido a uma intervenção cirúrgica na espinha.
Durante o período de convalescença, trabalhou no livro Perfis de Coragem, no qual faz um estudo dos estadistas que, com grave risco para si e para suas famílias, se mantêm firmes em seus princípios. Esse trabalho valeu-lhe o Prêmio Pulitzer de literatura de 1957.
Sua participação na política norte-americana, seus escritos e discursos, definiram-no como liberal, firmemente decidido a lutar pelo fim da segregação racial. É com essa linha que se apresenta como candidato à convenção do Partido Democrático em 1960.
Enfrenta a oposição da ala conservadora do partido, e de seu candidato Lyndon Baines Johnson, que contava com o apoio de amplas áreas do partido. A linha liberal defendida por Kennedy obtém a vitória na convenção. Começa a campanha pela presidência nas eleições de 1960.
A cláusula do avô
A plataforma política de Kennedy baseou-se na defesa dos direitos civis dos cidadãos. Um dos pontos de seu programa de governo foi a abolição da conhecida "cláusula do avô", criada em alguns Estados do Sul, que negava o direito de voto a todos os cidadãos que não tivessem tido um avô eleitor em 1866.
Com esse artifício, imposto pelos conservadores há muitos anos, grande parte dos negros não votavam, pois seus avós ainda eram escravos no ano referido pelo estatuto.
Em seu programa, Kennedy pregava também o auxílio e incentivo à educação, assistência médica aos velhos, desenvolvimento das pesquisas científicas, maior utilização dos fatores produtivos, ajuda econômica aos países subdesenvolvidos e uma política externa de paz.
Foi pequena a diferença de votos que deu a John Kennedy a vitória sobre o candidato do Partido Republicano, Richard Milhous Nixon. Eleito, seria o 35° presidente dos Estados Unidos da América do Norte. Com apenas 43 anos, era o mais jovem morador da Casa Branca. E o primeiro presidente católico do país.
Semanas após a eleição, já compusera o gabinete que iria assessorá-lo. Na escolha, a qualidade de político sempre pesou mais que sua posição partidária. Robert McNamara, convocado como secretário de Defesa, e Douglas Dillon, secretário do Tesouro, eram republicanos. Com uma equipe de homens jovens e ativos, Kennedy preparava-se para governar uma das maiores potências do mundo.
Crises e soluções
"O que eu quero é encontrar o indivíduo mais capacitado para cada cargo". John Kennedy
Com base nesse princípio, John Kennedy escolheu o gabinete que iria assessorá-lo em seu período administrativo. Durante seu mandato ele ficou rodeado pelos seus auxiliares militares mais diretos
A 3 de janeiro de 1961, o Presidente Eisenhouer, antecessor de Kennedy, rompera relações diplomáticas com Cuba, onde Fidel Castro havia instalado o regime comunista.
Refugiados cubanos, inconformados com a situação de seu país, chegavam continuamente aos Estados Unidos, onde encontravam asilo e abrigo. Desenvolvia-se então a primeira crise que o novo presidente enfrentaria.
Em abril de 1961, efetuou-se a invasão de Cuba, na tentativa de derrubar o regime. Os refugiados contavam, para isso, com o apoio do governo norte-americano.
O local escolhido como cabeça de ponte, para posterior tomada da ilha, foi a baía dos Porcos.
A brigada de refugiados foi derrotada; a maioria de seus membros, presos ou mortos em combate. A ação bélica contra Cuba gerou um clima mundial de animosidade contra os Estados Unidos. E abalou o prestígio do novo governo.
A primeira preocupação do novo presidente foi procurar manter com o restante da América uma política que evitasse o surgimento de novos problemas semelhantes ao de Cuba. Com esse intuito, formulou a Aliança para o Progresso, um amplo programa de ajuda aos países subdesenvolvidos.
"Propomos completar a revolução nas Américas, construir um hemisfério onde todos os homens possam esperar ter um padrão de vida adequado e onde todos possam viver sua vida com dignidade e liberdade"
-anunciou o presidente dos Estados Unidos ao lançar as bases da Aliança para o Progresso. O plano destinava-se a "satisfazer as necessidades básicas dos povos americanos no que diz respeito a casas, trabalho e terras, saúde e escolas".
Enquanto Kennedy, no plano externo, voltava sua atenção para o desenvolvimento da América latina, no plano interno enfrentava o problema da segregação racial. A discriminação se manifestava em todos os sentidos e em vários Estados. Repetidas vezes Kennedy movimentou a polícia e guardas federais para permitir o acesso de estudantes negros às escolas. Ainda durante o governo Kennedy, iniciou-se outra grande crise internacional: a do vietnã. O governo dos Estados Unidos se dispôs a fornecer ajuda militar ao governo de Ngo Dinh Diem, do Vietnam do Sul, para que este pudesse opor-se à Frente Nacional de Libertação, grupamento de guerrilheiros que lutavam pela unificação do país sob a hegemonia do Vietinam do norte.
Em dezembro de 1961, iniciou-se a "escalada": envio de homens e armas ao Vietnam do Sul. Mas a agitação crescia contra o próprio General Diem. Dois anos depois, ele era derrubado do poder por um golpe militar, que seria o primeiro de uma série. Os ataques dos vietcongs (guerrilheiros do Sul) se intensificavam, aumentava o número de americanos no Vietnam. E com isso crescia uma crise social interna nos Estados Unidos.
A última ameaça
Em fins de outubro de 1962, o mundo passou a viver dias tensos. Aviões norte-americanos descobriram bases de foguetes soviéticos em Cuba.
Durante dias, o mundo sentiu-se ameaçado por uma guerra, em que se defrontariam as duas maiores potências atômicas. Kennedy sob a orientação do secretário da Defesa, McNamara, estabeleceu conversações com o premier soviético, Kruschev. Os mísseis foram retirados de Cuba.
Kennedy, esforçou-se, na política interna, em aparar os aspectos mais chocantes da discriminação racial; no plano externo, procurou assistir os países subdesenvolvidos, através de um programa de auxílios, sobretudo de Estado a Estado. Em seu governo, os Estados Unidos enviaram um homem ao espaço e colocaram em órbita o Telstar, primeiro satélite de comunicações. O crime de Dallas alterou os rumos da política americana.
Os jornais de todo mundo anunciaram a morte trágica.
Fonte Abril Cultural volume 12 Conhecer
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